data-filename="retriever" style="width: 100%;">Nossa primavera política começou há cinco anos, com o advento das ações da Lava Jato. Até então, o Brasil estava mergulhado num clima de indiferença à corrupção que grassava na nação desde priscas eras. O "non sense" do povo brasileiro levou a que se acreditasse, infantilmente, que o Lula não sabia de nada no crime político do mensalão. Havia um descrédito nas nossas instituições que mantinha os cidadãos num estado de inércia. Quando a Lava Jato começou a mostrar a veracidade da corrupção, um espírito primaveril foi crescendo e a desilusão foi sendo substituída por um entusiasmo que aumentou à medida que as condenações foram se sucedendo e as prisões de altos dignatários da República confirmando a corrupção endêmica em declínio. Esse entusiasmo foi tão poderoso que possibilitou a eleição de um candidato a presidente da República que garantisse a descontinuidade do "mecanismo".
O Brasil deu ao mundo o maior exemplo de democracia ao afastar do poder, sem nenhum derramamento de sangue (a não ser algumas gotas do próprio candidato), uma verdadeira "gangue" que vinha desconstituindo o país.
A reação dos malfeitores veio, de maneira sub-reptícia, aos poucos, se mostrando aos brasileiros. A aprovação da Lei Renan Calheiros (de abuso de autoridade) foi uma agressão à Lava Jato. Depois, a retirada do COAF das mãos de Sergio Moro, veio enfraquecer os meios de investigação dos corruptos. Nesse caso, as investigações sobre o gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro, agora senador da República, deram munição para os corruptos levantarem a cabeça e obterem do bacharel Dias Tofolli uma liminar que obstrui a ação da Polícia Federal na investigação dos malfeitores. O presidente Jair Bolsonaro tem falhado nessa questão, sobrepondo seu amor de pai aos interesses da Nação. Urge que essa questão seja resolvida, pois deu ensejo e adubou a infeliz resolução do STF no episódio das prisões após condenação em segunda instância. Esse golpe se abateu sobre nossas esperanças de justiça como um verdadeiro "tsunami", desmoralizando o STF, que foi capaz de colocar uma letra fria de nossa Constituição (tantas vezes vilipendiada) sobre as esperanças de todo um povo sofrido, sacrificado no altar dos interesses escusos do Deus dos corruptos.
A Constituição e as leis são o arcabouço jurídico da vida em sociedade de qualquer povo. Quando uma resolução do STF brasileiro manda libertar criminosos julgados e condenados, desprotege a sociedade que passa a conviver com a presença imoral de assassinos, traficantes da liberdade e corruptos contumazes, já julgados e condenados, que se valem de recursos reprováveis para procrastinar a prisão de colarinhos brancos e também de camisas listradas. O constrangimento dessa resolução - a humilhação do povo - só contrasta com a alegria dos advogados de porta de cadeia e de juízes venais que mudam seus votos ao sabor das conveniências. Esse escândalo na mais alta corte está exigindo uma ação do Senado Federal, de investigar e julgar as ações de alguns membros do STF, com óbvias suspeições de transgressão ética e com nítidos interesses escusos envolvendo familiares e suas próprias figuras nefandas. Nada está mudando as convicções do povo que continua protestando contra essas sandices e comparecendo em praça pública para vaiar os malfeitores e reafirmar apoio à Lava Jato e ao juiz (agora ministro) Sergio Moro.
"Há males que vem para bem", diz o refrão popular, e a "soltura" do Lula está provando isso, pois onde passa está comprovando o repúdio da maioria do povo brasileiro e servindo de motivação para que essa maioria continue unida, na primavera brasileira de redenção da Pátria e reconstrução da nacionalidade.